segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MUDAR


Autoria: Karline Batista

Desculpem-me, mas... Estou de mudança para o futuro. De agora em diante, lá será o meu endereço. Cansei de viver desejos velhos, sonho imperfeito e amizades fajutas. Esse caminho eu não mereço.

As malas já estão prontas. As boas lembranças já foram embrulhadas e os verdadeiros amigos, convidados a virem a minha nova residência. Já não quero mais adiar minhas decisões, alimentar antigas decepções pelo frívolo medo de me reinventar. Já rompi o cerco.

Preciso de uma nova vizinhança, onde eu não esbarre o tempo todo com a esquina dos meus medos e nem tenha uma velha mexeriqueira disfarçada de falsa consciência a sempre apostar em meu fracasso.  Até nunca mais, dessa eu me despeço.

Estou de mudança para o futuro e quando tudo começar a dar certo espero que você que me lê agora já tenha tido a ousadia de tentar as alternativas que a vida te deu da mesma forma como eu já as estou tentando. 

De malas prontas para o Futuro. Vou morar numa casa chamada Hoje bem ali na Rua Esperança. Meu endereço? 2013! E quando quiser, puder e der venha e apareça que eu te aguardo em meio às roseiras que com tanto amor cultivei para este dia.

domingo, 9 de dezembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

nAMORado


Autoria: Karline Batista

Este amor - sempre comigo
Pele a pele
Sonho a sonho
Vai longe e profundo
Minha razão de ser.

Este amor- meu abrigo
Olho a olho
Boca a boca
Meu livro obscuro.
Tão bom de se ler.

Este amor- meu domingo
Ombro a ombro
Ponte a ponte
Um lindo caminho
Entre mim e você.

Centenário de um Bravo




Autoria: Karline Batista

Essa terra não dá flor
Mas Gonzaga nasceu dela
E assim tudo o que nasce
Traz missão na espinhela
                                                                                   
Ele sabe do sertão
Como o sertão sabe das secas
Da vida tomou lição
Conheceu suas incertezas

Viu sua gente pelo avesso
Tanta cultura esparramada
Transformou tudo em verso
Foi baião na batucada

Espantando essa peste
Apelidada por tristeza
Cantou sobre o nordeste
Vida, angústia e beleza.

Branca asa, saga antiga.
Retirante não é destino
Gonzaga, esse é o nome.
Bravo homem nordestino!


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ACONTECEU NA MINHA RUA


Autoria: Karline Batista

Não havia vagas
Braços fortes cruzados
Corpos robustos escorados
Sem vagas. Só lamento.

Mais uma vez o homem volta ao lar
Sem um tostão no bolso
Sem um quinhão de dignidade
Só um trago de desgosto.

A mulher vai perguntar.
O filho vai chorar.
A filha vai pedir.
Mas ele não lamentará.
Pois desta vez ele trará
Uma bala embrulhada no peito.

Autora: Karline da Costa Batista (Aracati, CE)
Poema semifinalista no VII Varal de Poesias 

domingo, 23 de setembro de 2012

Recital da Goiabeira





Eram cacos de acasos.
Pousados na goiabeira.
O tempo, correndo, rio abaixo.
E a sorte, feito sereia,
Riscava silhuetas de afeto
Entre bocas de areia.


Por Karline Batista

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Morre-se de amor?



Não se morre de amor
Nem de amor se fartará
A alma retém o que a interessa
A alma desata o que a separa
Não se morre de amor
Vive-se dele
Funde-se a ele
Existe-se nele.
(Karline Batista)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Poema Abrasileirado*




Autoria: Karline Batista

 Piano à beira do abismo
É niilismo, é niilismo.
Tecla a tecla, ouço um gemido.
Sol ferido, sol ferido.

Tamoio, Tamoio
Me traz um cocar
Maloio, maloio
Carnaúba, caju e cajá.

Vitrola tocando tango
Eu sambo, eu sambo.
Cantilena to be or not to be
Sou mais tupi, sou mais tupi.

Crioulo, crioulo
Me ensina a gingar
Vernáculo, vernáculo
Luso-afro-tupinambá.



* 3° Lugar no Prêmio Literário Legislativo em Caçapava do Sul (RS)

Baixe GRATUITAMENTE o livro " III Prêmio Literário Legislativo - Caçapava do Sul (RS)"


quinta-feira, 5 de abril de 2012

HÁPAX*






Karline da Costa Batista

 Toma esta poesia torta
Escrita com dois cinzéis e uma horta
Na balada de uma sinfonia surda
Na toada de uma lavadeira curda

Toma esta vertigem amorfa
Feita de licores babilônicos e uma porta
Gole a gole, entulha-te o estômago
Rompendo-se a veia, abduz o âmago

Toma este grão-sótão arcaico
Teto Apache sobre piso incaico
Samba e cúmbia, cadência e passo
Do pé ameríndio a fugir do laço

Toma depressa este cálice
Ébrio cacto citadino de carbono e múrice
Toma, pois, que meu destino é ápice
E o meu nobre nome: um hápax.



*8ª classificada no Prêmio Cecílio Barros Pessoa de Poesia (Arraial do Cabo, Rio de Janeiro). 04.04.2012

CURIOSIDADES:

Hápax ou Hapax legomenon é uma expressão que usada para designar uma palavra que há aparecido registrada somente uma única vez em um idioma dado. Ou ainda palavra ou expressão de que só existe um único exemplo, em determinada língua, época ou autor.Um exemplo é a palavra “Taprobana” usada por Luís de Camões na epopeia Os Lusíadas.

Curda: Mulher pertencente à região denominada Curdistão. Os curdos são estimados em cerca de 38 milhões de pessoas e seu idioma é o curdo, língua indo-europeia do ramo iraniano.

Cúmbia: Música e dança muito ritmada originária da América Central.

Múrice: Molusco gastrópode de concha coberta de pontas, que vive nas costas rochosas do Mediterrâneo, e do qual os antigos retiravam a púrpura.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Gaudí*




Autoria: Karline Batista

             Colírios perdidos.

             Mesmo na sombra de um beijo   

              Há luz!


                                Nascem lírios neste refratário epidérmico que me reveste
                                
                            
             Lírios de luz.



                                              Tragam-me os cacos:  é de mosaicos que se vive.

----------//---------//-----------//--------------

Poesia selecionada para a Revista Um Conto 

* Poema em homenagem ao arquiteto Antoni Gaudí que tanto me inspira, sobretudo, neste poema com o seu Parque Guell.  Faça um tour virtual aqui e se encante como eu me encantei!