Texto de Karline Batista
O muro entre mim e o mundo se
sustenta com meus preconceitos viscerais. E quando falo deles, eu não me
reporto de forma alguma àqueles conceitos deformados sobre as pessoas, e sim,
destaco aquela forma de ser em que eu, adiantando minhas opiniões, afasto-me de
toda oportunidade nova.
As precauções são tamanhas e tão
amplas que me preocupo em adiar a decisão que me implora por atitude. Falta de
senso ou pura mania de protelar, alguns preferem chamar de cautela o que eu,
particularmente, entendo por medo do novo.
A mudança assusta, incomoda, perturba.
O pedido pelo emprego dos sonhos vem acompanhado de uma sequência de pequenas e
decisivas mudanças que não estamos acostumados a pensar quando nos aventurarmos
a planejar.
Que importa o desejo imediato realizado
se eu insisto em seguir caminhos antigos para destinos novos. Que importa a resposta pronta se a pergunta é
outra. Que importa eu saber o resultado dessa conta que eu fiz no ano passado
se eu não avaliar os juros que a vida há de cobrar.
A pressa prejudica tanto quanto a
demora se, e se somente se, faltando-me o bom- senso eu me apego a uma ou outra
para justificar os meus atos, perco minha passagem adquirida, porque bilhete
velho não paga viagem nova.