terça-feira, 28 de maio de 2013

DECOMPOSIÇÃO




Eu sou o não poeta
Na poesia morta
Escute o meu verso
Eu sou o não poeta
Tentando abrir a porta
E mesmo que não acredite
Eu sou o não poeta
Na poesia morta.

Karline Batista

Riso Rum

Se passo em festa
Se passo em falso
Tudo é antídoto
Tudo é veneno
Teu riso é rum
De fruta amarga
Que me embriaga
Algoz sereno.

O medo já mora ao lado
Do meu lado de dentro
Já não choro.Já não desmaio
Tudo é torto, tédio e tenso.

E em surdina vivo
A sobrevida do tempo
Carrego as malas.
Teu riso vem e se declara
Medonho, lírico e bento.


Karline Batista


sexta-feira, 3 de maio de 2013

PASSAGEM



Texto de Karline Batista

O muro entre mim e o mundo se sustenta com meus preconceitos viscerais. E quando falo deles, eu não me reporto de forma alguma àqueles conceitos deformados sobre as pessoas, e sim, destaco aquela forma de ser em que eu, adiantando minhas opiniões, afasto-me de toda oportunidade nova.

As precauções são tamanhas e tão amplas que me preocupo em adiar a decisão que me implora por atitude. Falta de senso ou pura mania de protelar, alguns preferem chamar de cautela o que eu, particularmente, entendo por medo do novo.

A mudança assusta, incomoda, perturba. O pedido pelo emprego dos sonhos vem acompanhado de uma sequência de pequenas e decisivas mudanças que não estamos acostumados a pensar quando nos aventurarmos a planejar. 

Que importa o desejo imediato realizado se eu insisto em seguir caminhos antigos para destinos novos.  Que importa a resposta pronta se a pergunta é outra. Que importa eu saber o resultado dessa conta que eu fiz no ano passado se eu não avaliar os juros que a vida há de cobrar. 

A pressa prejudica tanto quanto a demora se, e se somente se, faltando-me o bom- senso eu me apego a uma ou outra para justificar os meus atos, perco minha passagem adquirida, porque bilhete velho não paga viagem nova.